União das Freguesias de Serpa (Salvador e Santa Maria)
De Serpa, escreve a História, se perdem as origens,
Não do povoado, Vila, ou Cidade, mas da sua ocupação,
Da sua cultura e costumes e por gentes nestas paragens.
Antes ainda de no Monte Gólgota, a Cruz se elevar,
E da Virgem a perda do seu filho chorar,
Já por Serpa tribos passavam, construíam e ficavam.
Por entre lendas e estórias, de Celtas,
Túrdulos e Godos, nasceu a princesa Serpínia.
Vistosa, formosa e bela, assim era entre as esbeltas
A todos despertou o Amor e o Desejo. Amou só estas terras,
Debruçadas junto às correntes de água, que sulcaram margens,
Levando a alma das gentes aos mares, mais a Sul, por vales e serras.
Mais tarde, também os Romanos a descobriram.
Também eles se apaixonaram por terras tão belas, tão ricas e vastas,
E por aqui permaneceram, cultivaram e criaram.
Fortaleceram a cultura, o património, as gentes e o falar,
Como quem pressente que as marcas nunca se iriam apagar.
Nas Rosas, nos deixaram a Villa, nos campos a Vinha e o Olival,
Em estradas de pedra construídas, circulavam
Desde Pax Júlia e para bem lá do Rosal.
Pelo Guadiana saía Moeda, cunhada sem igual,
Em Myrtillis, mais a sul, rico entreposto comercial.
Riquezas e saber correram mundo,
E numa conquista de vontade e génio,
Também cá chegaram os que vieram pelo Al.
Muitos contributos nos deixaram,
E que podemos testemunhar,
Na muralha, na ciência, na forma de construir,
Na palavra, no número e no sentir.
Também na forma languida e pausada do nosso cantar.
Dinis a elevou a concelho,
Edificando muralha pétrea e barbacã,
Desenhando-a em definitivo,
Após a reconquista cristã.
D. Manuel I lhe deu foral, e também lhe reformou a muralha.
O Duque de Osuna, a explodiu, e pedra e Torre estraçalha.
Pedro II lhe conferiu título, e privilégios de “Vila Notável”,
Serpa de ergue de novo, bela e orgulhosa,
Por todos querida e amada, de novo nobre e fiável.
Povo orgulhoso e trabalhador,
Lutador pela memória.
Explorado e apaziguador,
Cordato e cuidador
Da sua tradição e da sua história.
Notáveis serpenses, simples, ilustres ou aristocratas:
Eis Abade Corrêa da Serra, entre cientistas e diplomatas;
O Conde Melo Breyner, um dos “Vencidos da Vida”;
Ou o António Carlos Calixto, escritor e associativista.
De tudo isto é feita Serpa, de todos estes contributos intemporais.
Esta é a Alma de um Povo, que tarda em desabrochar,
Mas que tudo faz e não se cansa,
Para um diferente futuro almejar.